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Curiosidades desta Copinha 2025
Apenas por gostar de futebol, na noite de 2 de janeiro assisti ao jogo entre Criciúma/SC x Capitão Poço/PA, disputado na primeira rodada da Copa São Paulo de Futebol Júnior, nossa tradicional e famosa Copinha. O jogo foi no Estádio Manoel Francisco Ferreira, em Bálsamo, na região de São José do Rio Preto/SP. Descobri que o gentílico (denominação) de quem nasce em Capitão Poço (município do noroeste do Estado do Pará) é capitão-pocense. Era para ser “Capitão Possense” ou “Capitão Possolense”, por conta do nome de seu fundador (Capitão Possolo). No entanto, por uma dessas adaptações que só a nossa rica língua portuguesa possui e permite, com o passar do tempo acabou ficando assim mesmo, com “c”. Então, ficou “Capitão Pocense” e tá tudo certo, sem problemas!
LARANJA MECÂNICA?
Morei quase 13 anos em Santo Antônio de Posse e não poderia deixar de mencionar essa ‘quase coincidência’. Quem nasce em Posse, todos sabem, é possense. Vizinha de Jaguariúna, Posse é onde nasceu José Ferreira Neto, o craque Neto, que tantas alegrias deu à torcida corinthiana, é ídolo da Fiel e surgiu nas categorias de base do Guarani Futebol Clube, em Campinas. Antes disso, já mostrava seu talento no gramado do União Possense futebol Clube. Já o nome da cidade paraense (Capitão Poço) é uma homenagem a Capitão Possolo, explorador italiano que fez parte de uma caravana de pioneiros que chegou ao local em 1945. Lá se produz muita laranja, daí a cor alaranjada da camisa do time. Em tempo: apesar de ser conhecido carinhosamente como “Laranja Mecânica” por lá, o futebol apresentado pela equipe paraense nada tem a ver com a famosa Seleção Holandesa de Johan Cruyff, que tanto sucesso fez na Copa do Mundo de 1974, quando deslumbrou o mundo.
O primeiro, a gente nunca esquece
O jogo teve pênalti perdido e não foi por menos. Foi muito mal cobrado pelo jovem atacante Yago (apenas 17 anos e camisa 10), que bateu de canhota e cobriu o gol, aos 12 minutos do primeiro tempo. A bola subiu e chegou a sair do acanhado estádio municipal de Bálsamo, onde cerca de 850 pessoas acompanhavam a ‘porfia’ (partida). Sorte do Capitão Poço Esporte Clube, que escapou de sair perdendo logo no início. O time ‘carvoeiro’ de Santa Catarina dominou amplamente a partida e só conseguiu marcar no finalzinho do jogo com Libânia (camisa 18), que pegou o rebote da defesa e, de virada, estufou as redes do ótimo goleiro do Capitão Poço. O time paraense manda seus jogos no Estádio Municipal José Rufino de Souza e disputou a Série B do campeonato paraense pela primeira em 2021. Já na Copinha 2025, é um dos estreantes e não fez feio, pois não se fechou na retranca e chegou a ameaçar a equipe catarinense em vários lances. Gostei do que vi.
Texto: Aluízio Santana
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É hora de mudar: a injustiça do regulamento do Campeonato Paulista

O Campeonato Paulista, um dos torneios mais tradicionais e apaixonantes do futebol brasileiro, há anos vem sendo palco de uma discussão que, para muitos, já deveria ter sido resolvida: a forma de classificação para as fases finais da competição. O atual regulamento, adotado há alguns anos e aprovado pelos dirigentes dos clubes, prevê que os dois primeiros colocados de cada um dos oito grupos se classifiquem para a próxima fase, independentemente da pontuação geral. Esse sistema, no entanto, tem gerado distorções gritantes, prejudicando times com campanhas mais consistentes e premiando outros com desempenhos inferiores. É hora de questionar: até quando vamos aceitar essa injustiça?
Este ano, mais uma vez, o regulamento mostrou suas falhas. A Ponte Preta, com 22 pontos, ficou de fora da fase seguinte, enquanto o Mirassol, com apenas 16 pontos, garantiu sua classificação. Para quem acompanha o futebol, é difícil explicar como um time que somou quase 30% a mais de pontos que outro pode ser eliminado. A situação é ainda mais absurda quando lembramos que, em 2020, a própria Ponte Preta foi beneficiada por esse mesmo sistema, classificando-se com 13 pontos, enquanto o Guarani, seu maior rival, ficou de fora com 16. Ou seja, o regulamento é tão falho que, em anos diferentes, prejudica e beneficia os mesmos times, sem qualquer critério esportivo consistente.
É importante deixar claro que a crítica não é pontual, nem direcionada a um clube específico. A questão é estrutural. Um campeonato que se pretende sério e competitivo não pode permitir que times com campanhas inferiores avancem às custas de outros que demonstraram maior regularidade ao longo da competição. Em qualquer liga europeia, por exemplo, a classificação é decidida pela pontuação geral, justamente para evitar esse tipo de distorção. Imagine explicar para um dirigente da Premier League ou da La Liga que um time com 22 pontos ficou de fora, enquanto outro com 16 avançou. Seria motivo de piada.
A Federação Paulista de Futebol (FPF) precisa acordar para essa realidade. O atual regulamento desrespeita o esforço dos clubes, a inteligência dos torcedores e a própria essência do esporte, que é a meritocracia. Não faz sentido manter um sistema que, em vez de premiar os melhores, cria situações aleatórias e injustas. É urgente que a FPF revise esse modelo e adote um critério mais justo, como a classificação baseada na pontuação geral, que reflita verdadeiramente o desempenho dos times ao longo do campeonato.
Além disso, é fundamental que os dirigentes dos clubes assumam sua responsabilidade nesse processo. Eles são os primeiros a aprovar esse regulamento e, portanto, têm o poder de pressionar por mudanças. É hora de colocar o interesse do futebol paulista acima de conveniências políticas ou de curto prazo. Um campeonato mais justo e competitivo beneficia a todos: clubes, torcedores e, claro, a própria FPF, que veria sua credibilidade fortalecida.
O Campeonato Paulista é um patrimônio do futebol brasileiro. Sua história, sua tradição e sua paixão merecem um regulamento à altura. Que 2026 não seja mais um ano de injustiças e distorções. Que seja, finalmente, o ano da mudança. O futebol paulista não pode mais esperar.
Texto: Edmilson Alves
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A nova regra do futebol promete agilidade em jogo, mas e os demais tempos perdidos?

Neste sábado, 1º de março, a International Football Association Board (Ifab) anunciou uma mudança significativa nas regras do futebol, que promete impactar diretamente a dinâmica das partidas. A partir do meio deste ano, os goleiros terão apenas oito segundos para recolocar a bola em jogo após pegá-la com as mãos. Caso ultrapassem esse tempo, a equipe será punida com a concessão de um escanteio ao adversário. Além disso, o árbitro terá a responsabilidade de avisar o goleiro quando faltarem cinco segundos para o limite. A mudança visa coibir a chamada “cera”, prática que consiste em atrasar o jogo para garantir vantagens táticas.
Até então, a regra vigente permite que o goleiro fique com a bola por seis segundos, sob pena de tiro livre direto para o adversário. A ampliação do tempo para oito segundos pode parecer um alívio, mas, na prática, a punição com escanteio é mais severa, já que essa cobrança aumenta as chances de gol. A Ifab demonstra, com essa alteração, uma preocupação em tornar o jogo mais ágil e aproveitar melhor os 90 minutos de partida.
Na minha opinião, a mudança é válida e reflete a necessidade de modernizar o futebol, tornando-o mais dinâmico e condizente com as demandas do esporte no século XXI. O futebol é um jogo que evolui constantemente, e a tecnologia tem sido uma aliada importante nesse processo. Apesar de a nova regra não envolver diretamente questões tecnológicas, ela reforça a ideia de que o tempo de jogo deve ser aproveitado de forma eficiente. A redução da “cera” dos goleiros pode, de fato, acelerar o ritmo das partidas e tornar o espetáculo mais atraente para os torcedores.
No entanto, é importante questionar se essa medida é suficiente para resolver o problema do tempo perdido durante as partidas. Enquanto os goleiros são diretamente impactados pela nova regra, outros fatores que contribuem para a lentidão do jogo continuam sem solução. Jogadores de linha, por exemplo, frequentemente demoram para cobrar faltas, laterais ou escanteios, além de recorrerem a simulações de contusões para ganhar tempo. Essas práticas também deveriam ser alvo de atenção da Ifab, pois são igualmente prejudiciais à fluidez do jogo.
Outro ponto que merece reflexão é o aumento da pressão sobre os goleiros. Eles já são figuras cruciais e, muitas vezes, decisivas em uma partida. Com a nova regra, a responsabilidade de evitar punições e, consequentemente, escanteios perigosos, recai ainda mais sobre eles. Será que essa mudança não poderia vir acompanhada de medidas que equilibrem as responsabilidades entre todas as posições em campo?
Em resumo, a nova regra é um passo importante para tornar o futebol mais ágil e justo, mas não pode ser vista como a solução definitiva para o problema do tempo perdido. A Ifab precisa continuar evoluindo e implementando medidas que combatam todas as formas de “cera”, não apenas as praticadas pelos goleiros. O futebol é um esporte coletivo, e as regras devem refletir essa coletividade, garantindo que todos os envolvidos contribuam para um jogo mais dinâmico e envolvente. Enquanto isso, torcemos para que essa mudança traga mais emoção e menos interrupções aos nossos tão amados 90 minutos de jogo.
Texto: Edmilson Alves
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Estádio da Mogiana merece ser tratado à altura de sua história

O Estádio da Mogiana, carinhosamente conhecido como Cerecamp, é mais do que um simples complexo esportivo. É um relicário de memórias, um testemunho silencioso de uma época em que o futebol era pura paixão, e não apenas um negócio. Localizado no nobre Jardim Guanabara, em Campinas, o Cerecamp é um símbolo de uma história que transcende o tempo, mas que, infelizmente, parece condenada ao esquecimento. O recente leilão virtual do dia 13 de fevereiro, que mais uma vez não encontrou interessados, é um triste capítulo dessa narrativa. O abandono do local contrasta com a grandiosidade de seu passado, deixando-nos apenas com as lembranças dos dias gloriosos que ali foram vividos.
O Campo da Mogiana não é apenas um pedaço de terra com arquibancadas e um gramado. É um patrimônio histórico, tombado pelo Condepacc e pelo Condephaat, que carrega em suas estruturas a alma do futebol campineiro. Inaugurado em 1940, o estádio foi palco de dez dérbis entre Ponte Preta e Guarani, dois dos times mais tradicionais do interior paulista, além de sediar o primeiro dérbi noturno da história, em 1948. Foi também candidato a receber jogos da Copa do Mundo de 1950, um feito que poucos estádios do interior podem ostentar. No gramado da Mogiana, pisaram lendas como Leônidas da Silva, Domingos da Guia e Bellini, nomes que ecoam na história do futebol brasileiro.
Mas hoje, o que resta? Arquibancadas interditadas desde 2009, um gramado que já não vê a bola rolar, e um silêncio que dói. O Governo do Estado de São Paulo tentou vender o complexo por R$ 25,7 milhões, mas não houve interessados. É triste pensar que um local tão rico em história e significado possa ser reduzido a um mero negócio imobiliário. O Cerecamp não merece isso. Ele merece ser revitalizado, preservado, e transformado em um espaço que honre sua história e sirva à comunidade.
A venda do Mogiana é um tema que divide opiniões. De um lado, há quem veja a necessidade de modernização e aproveitamento econômico do espaço. De outro, há os que defendem que o estádio deve ser mantido como um patrimônio cultural, um museu a céu aberto que conte a história do futebol e da cidade. Eu me incluo no segundo grupo. O Mogiana não pode ser apenas mais um empreendimento imobiliário. Ele é parte da identidade de Campinas, um símbolo de uma época em que o futebol era feito de paixão, rivalidades saudáveis e momentos inesquecíveis.
É preciso que haja um esforço conjunto entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil para encontrar uma solução que preserve a história do Cerecamp. Talvez ele possa se tornar um centro cultural e esportivo, um local onde novas gerações possam aprender sobre o passado enquanto criam suas próprias memórias. O Mogiana já foi palco de grandes jogos, de histórias emocionantes, de gols que entraram para a história. Ele não pode simplesmente desaparecer, deixando para trás apenas o eco de aplausos que já se foram.
Enquanto o futuro do Cerecamp permanece incerto, resta-nos a esperança de que alguém, ou algum grupo, enxergue além do valor monetário do terreno e veja o valor sentimental, histórico e cultural que ele carrega. O Estádio da Mogiana não é apenas um lugar. É um pedaço da alma do futebol campineiro, e merece ser lembrado, preservado e celebrado. Que as próximas gerações possam, um dia, pisar naquelas arquibancadas e sentir o mesmo frio na barriga que tantos torcedores sentiram ao longo das décadas. O Mogiana não pode acabar assim, em silêncio. Ele merece um final à altura de sua história.
Texto: Edmilson Alves